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Comentários sobre “E se Freud”

Antes que algum colega psicanalista fique chateado (o que parece já ter sido o caso), vamos a alguns pontos:

1. Freud foi um cara foda.

2. Para mim Freud foi um cara foda como Shakespeare foi um cara foda. Ou como foi um cara foda, o Machado de Assis. Nunca um cara foda como Darwin foi (se bem que por alguns lados, até que foi um cara foda como Darwin).

3. A Psicanálise tem alguma validade prática. Inegável. Só me parece que é possível ser mais prático.

4. Tirem o humor do texto “E se Freud” e pensem um pouco sobre a história de Ícaro. Édipo não é muito idissiosincrático, não? Quero dizer, é fato que quando somos crianças o que há de mais importante para nós são os nossos pais, e principalmente nossa mãe. Mas daí a dizer que todos temos um desejo de derrotar o pai para ficar com a mãe e que o desenrolar disso gera o caráter… Um caráter é coisa demais para ser decidido para sempre por um processo apenas.

5. A melhor descrição de psicanálise que já me deram foi a de que tudo que está construído acerca da sexualidade é apenas para exemplificar os processos da psique humana. Segundo essa pessoa, sexualidade poderia ser substituída por muitos outros objetos sem que a essência da psicanálise fosse alterada. Sei lá se isso tem a ver com Lacan (tem?). Tendo ou não, não acredito que isso tenha surgido de Freud; deve ter sido posterior. Parece um caminho bem interessante.

Categories: Crítica, Psicologia
  1. May 10, 2006 at 10:58 am

    Eu ainda não entendo, Robizito, o que, realmente, você quer dizer com “prático”, quando diz que a psicanálise não é tão prática, ou poderia ser mais. Prática em relação a quê? Em explicar e predizer o comportamento humano? Em lidar com o sofrimento humano? Em comentar os fenômenos políticos e sociais? Em ser ciência?

    “sexualidade poderia ser substituída por muitos outros objetos sem que a essência da psicanálise fosse alterada.” O que seriam estes outros objetos?

  2. May 10, 2006 at 1:38 pm

    Vc tem mais colegas psicanalistas ou está falando de mim? Porque se for de mim os 3 pontos quer dizer que fiquei sem fala hahahaha.

  3. May 10, 2006 at 1:42 pm

    Além do mais, a teoria do Édipo já sofreu modificações significativas desde Freud, sendo que a versão mais aceita hoje em dia é a de Melanie Klein. Sacou :)?

  4. May 10, 2006 at 6:35 pm

    Não é só tu que curte a psicanálise e visita esse blog, Colino. Mas pensei que seus pontinhos fossem outras coisas mesmo.

    Luchésio, quem me falou que o objeto pode ser substitído foi o Yuri aí de floripa. Ele não deu nenhum exemplo. Se puder, fale com ele depois me conte.

    E eu sou chato com isso de prático, né? Sempre tem, como você disse, o problema de definir o que seja isso. Bom, suponhamos que todas as formas de terapia causem exatamente o mesmo efeito final sobre o cliente. Os meios de chegar a isso, porém, são diferentes para cada terapia. Mais rápido e objetivo para algumas; mais demorado e com “mais coisas” trabalhadas para outras (coloco o “mais coisas” entre aspas, supondo que essas mais coisas são próprias da forma de terapia em questão). Sendo que todas as terapias chegariam a exatamente o mesmo efeito final, mais prática seria aquela que atingisse esse fim mais rapidamente.

    O problema, claro, é provar que todas têm o mesmo efeito… De qualquer modo, deixo definido assim, nessas condições ideais.

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